terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eram desejo


Por Patrick Moraes

Naquela noite, ela estava mais radiante. Ele ainda era tímido, território estranho para um pequeno homem. Talvez não passasse de uma reunião entre amigos, uma noite de bebidas ou até uma partida de baralho após o trabalho. Copos, vodka e cerveja. Uma partida, um gole, três partidas e o copo inteiro esvaziou. Ele andava a casa inteira, esperava o momento de tocar os dedos dela. Sempre quis os dois juntos, talvez não fosse ela quem ele sonhou a vida toda, mas hoje seu sonho futuro não tinha outro nome. O medo estava em seus olhos, mas o encontro dos corpos fez brilhar o desejo de mais. Mais copos, mais risos, mais esbarros, mais vontade. Ela levantou, ele foi atrás. O caminho era curto, a oportunidade não era aquela. Ela ainda o amedrontou com uma leve iniciativa. O beijo roubado era divertido, fazia parte do jogo que ela provocava. Achou graça dele, piscou o olho e saiu.

Ele olhava ela dançar. E como dançava leve, solta, não tinha tantos pudores. Ela percebeu e olhou, sorriu de canto e simplesmente virou o rosto. Mais uma casa andada no tabuleiro, o jogo começava a ficar disputado. Ele foi excitado, ela sabia provocar. Acabaram as brincadeiras, começou a noite. Eles entraram, subiram, sumiram. Agora era ele quem roubava o beijo de verdade, prendia a cintura dela em seu corpo e deslizava a mão onde mais tivesse curiosidade. Ela ainda não estava entregue, sabia a hora de cortar o peão e fazer os dados pararem no seis. Parou! Deu mais um sorriso de canto de rosto, passou os dedos pela face dele e saiu. Ele riu, riso de quem perdeu o controle, mas não perdeu a noite.

Ela deitou, ele chegou logo depois. Lençol vermelho, colchão pequeno, mas eles precisariam de apenas dois corpos de espaço, um sobre o outro. Ela fingiu dormir, ele deitou ao lado. Talvez uma carícia fosse o começo, mas ele optou por um susurro ao pé do ouvido. "Te quero". Ela já não sabia mais a tática ideal, perdeu o controle e entregou todas as fichas. Ele era o dono das cartas. Os corpos já não tinham espaço para se afastarem, o tempo parava e da janela só se via as marcas de um desejo insaciável. Eles eram a encarnação do prazer, movidos pelos impulsos, mas firmados pela certeza de um grande amor.

domingo, 13 de setembro de 2009

Um amor tão bonito..



Quando ele aparece por aquelas bandas o coração dela se enche de felicidade. Geralmente eles costumam se encontrar pelas manhãs. Do quarto dela não é possível avista-lo, mas é evidente que ela sente sua presença. Fica logo alegre, com a energia revigorada.

Assim que amanhece ela corre para a janela da sala de sua casa para espia-lo, e o desanimo, cansaço e sono que sentia desaparecem no mesmo instante que o vê. Ela sente vontade de viver.Depois de contemplar a beleza dele, ela corre para rua pois de lá além de vê-lo ela também o sente. O abraço dele é envolvente e a esquenta até a alma. O dia fica feliz. Ela fica feliz.

A presença dele dura tempo suficiente para lhe fazer o bem. Ela sabe que não é sempre que o vê . Diz que no meio do ano ele costuma se esconder mas não sabe a causa, apesar disso ela não se entristece porque sabe que ele está lá e também no fim do ano ele torna voltar . Não se sabe se ele é seu amigo, amor ou outra coisa, mas é notória sua admiração e a necessidade de tê-lo em sua vida. E ainda que seu brilho chegue a ofuscar seus olhos o considera um rei e segue o contemplando e desejando vida longa aos raios do seu Deus Sol.

Ah como ele brilha...



Quando ele aparece por aqui por essas bandas meu coração é tomado por uma tacanha felicidade. Geralmente acontece de nos encontrarmos pelas manhãs. Do meu quarto não é possível avistá-lo, mas assim que acordo sinto sua presença. É uma sensação diferente, um misto de alegria, aconchego, acolhimento e principalmente calor. Uma revigoração de minhas energias.
Prontamente corro para a janela da sala de minha casa e por uma simples brecha avisto sua magnitude. Todo e qualquer sentimento de desanimo, cansaço ou sono desaparecem no mesmo instante que o vejo. Surge vontade de sair, conversar, correr, dançar, cantar! Uma vontade de viver! Mas viver no sentido mais poético da palavra, viver no sentido de usufruir...Depois de me contemplar com sua beleza, me apresso logo para ir a rua ,pois de lá posso além de vê-lo, também posso senti-lo. Ele tem um abraço que envolve o corpo inteiro, um abraço que esquenta até a alma. Assim tudo fica mais fácil , tudo flui, o dia fica sempre mais lindo, claro,feliz. As pessoas mais bonitas. Tudo brilha. Fico feliz também.
A presença dele dura tempo suficiente para me fazer bem. As vezes ele se demora, outras aparece rapidinho. No meio do ano ele costuma se esconder por dias e se se esconde é frio, a causa inda não sei. Desses meses eu não gosto muito, não fico triste, pois apesar de não vê-lo sei que sempre está lá. E também sei que é só esperar mais um pouco que nos meses do final do ano ele torna aparecer, e se aparece é calor.
Eu não sei se posso chamá-lo de amigo, nem sei se existe alguma palavra que consiga contemplar os a junção de sentimentos que sinto. O que sei é que sem ele não posso ficar. Sem ele não há calor, é só frio, sem ele não há alegria, é só tristeza. Sem ele não há luz, não há vida.
A estrela de minha vida, tem um brilho tão imenso que ofusca minhas vistas, por isso gosto de espiar assim de longe. É um brilho típico dos astros, o brilho de quem sabe que é o centro, aquele brilho que é só de rei.
Percebo que por mais que eu tente, por mais que eu escreva, todas as palavras ainda são poucas para descrever-te. Talvez tenha conseguido dar uma noção para aqueles que não te conhecem. E eu sempre ei de contemplar-te e desejar vida longa aos teus raios meu Deus Sol.


Por: Érian Naínna

domingo, 6 de setembro de 2009

Ele sem pausas

Por Patrick Moraes

Foi quando ele saiu daquela casa, quando nem ele mesmo sabia o que estava fazendo. Mas queria sair, queria liberdade, queria chance de felicidade. Viu necessidade de crescimento, viu vantagem em se desprender de certos laços. Apertado, sufocado, quase asfixiado, ele não queria subir a escada branca todo dia e dar adeus no portão de ferro. Ele até queria o sofá azul da sala de estar, o banheiro azulejado de branco e a cama com colcha laranja. No final, só ficou a cama, sem a colcha laranja que ele tanto gostava. Ele não queria dançar sozinho, ele queria a pista de dança completa, com mais gente do que cabia. Queria sedução, queria romantismo, queria encantamento. Cansou de tanta rotina, de tanta desilusão, de tanta vida alheia. Ele não queria mais calor, mesmo apaixonado pelo sol. Ele queria ser amante do frio e se esquentar em outros corpos, em outras camas. Ele não gostava da lei, sabia que mais cedo ou mais tarde a única regra que valia era a do mais forte e ele era fraco. Sabia enfrentar, sabia gritar, sabia dizer o que não queria, mas não sabia se defender.

Querer sempre foi o pedaço de coragem que o levava as decisões mais audaciosas. Mesmo assim ele quis. Quebrou elos, esqueceu pessoas; deu um passo, voltou outro; soube esperar o caminho ser montado. Percebeu que era difícil ser ele, gostar como ele e ser feliz. Aprendeu que o tempo é aliado de quem sabe compreender os minutos, aproveitar os segundos e perceber que os dias mudam conforme a necessidade. E foi na manhã de sol, aquele mesmo que ele era apaixonado, na qual ele deu o passo final. Já não era mais o carro, já não tinha mais a mão do lado, já se via em meio a tudo que o fazia bem. Apaixonou. Correu de volta, gritou "Sim!" e começou a montar a ponte. Novas pedras, novas quedas, novos começos. E quantos começos ele pensou em construir, mas viu o quê de tudo isso no final de um só.

E assim ele continua a dançar na corda, a sonhar nas nuvens, a construir castelos de areia, a andar com fé. A sequência dos fatos de uma narrativa que terá fim. Mas antes desse fim, a sequência de amores perdidos, de batalhas vencidas e do maior presente: o sorriso que o faz ser mais completo!