Ele olhava ela dançar. E como dançava leve, solta, não tinha tantos pudores. Ela percebeu e olhou, sorriu de canto e simplesmente virou o rosto. Mais uma casa andada no tabuleiro, o jogo começava a ficar disputado. Ele foi excitado, ela sabia provocar. Acabaram as brincadeiras, começou a noite. Eles entraram, subiram, sumiram. Agora era ele quem roubava o beijo de verdade, prendia a cintura dela em seu corpo e deslizava a mão onde mais tivesse curiosidade. Ela ainda não estava entregue, sabia a hora de cortar o peão e fazer os dados pararem no seis. Parou! Deu mais um sorriso de canto de rosto, passou os dedos pela face dele e saiu. Ele riu, riso de quem perdeu o controle, mas não perdeu a noite.
Ela deitou, ele chegou logo depois. Lençol vermelho, colchão pequeno, mas eles precisariam de apenas dois corpos de espaço, um sobre o outro. Ela fingiu dormir, ele deitou ao lado. Talvez uma carícia fosse o começo, mas ele optou por um susurro ao pé do ouvido. "Te quero". Ela já não sabia mais a tática ideal, perdeu o controle e entregou todas as fichas. Ele era o dono das cartas. Os corpos já não tinham espaço para se afastarem, o tempo parava e da janela só se via as marcas de um desejo insaciável. Eles eram a encarnação do prazer, movidos pelos impulsos, mas firmados pela certeza de um grande amor.